Jovem de Tanabi vai conhecer a Finlândia, do outro lado do planeta ( intercâmbio LIONS )

Da RedaçãoFolha do Povo-1.6.24

O inverno na Finlândia é bastante rigoroso. as temperaturas podem chegar a 30 graus negativos.
Helsinque, capital da Finlândia, possui 560 mil habitantes e é a maior cidade do país

CL Nelson Gonçalves, especial para a Folha do Povo 

A estudante Júlia Carvalho Correa, de 17 anos, embarca em julho num avião para conhecer a Finlândia. Os pais dela, Silmara e Petronilho Correa Júnior, , estão, lógico, apreensivos e preocupados. Afinal das contas, a filha vai para um país totalmente desconhecido para os brasileiros e só o nome do país já assusta. Parece que a menina está indo para o “fim do mundo”.

Moradores em Tanabi, os pais contam que a filha nunca viajou para fora. O mais longe que ela viajou foi para Brasília e junto com os pais. Agora ela vai praticamente sozinha para um país distante a quase 30 mil quilômetros. Um voo saindo de São Paulo, se for direto, em linha reta para Helsinque, capital da Finlândia, leva em média 27 horas.

 Júlia estará viajando à Finlândia por meio de intercâmbio do Lions Internacional. O clube de serviço possibilita que jovens, entre 15 a 25 anos, dependendo do país e do acordo firmado entre os clubes e distritos do Lions, visitem outros países por temporadas que variam entre 15 a 30 dias. As passagens são por conta dos familiares dos jovens e a hospedagem e alimentação ficam a cargo das famílias hospedeiras no país anfitrião.

 Intercâmbios para jovens e adultos

Júlia Carvalho Correa viaja em julho, pelo intercâmbio do Lions, para a Finlândia

 O Lions possui um programa tímido de intercâmbio em comparação com o Rotary, que foi pioneiro na década de 1930 a levar jovens e adultos para conhecerem outros países por meio de intercâmbios. Suely Kaiser, que foi governadora do Rotary na região de São José do Rio Preto, conta que o intercâmbio dela para os Estados Unidos mudou radicalmente sua vida. Ela trabalhava como enfermeira num hospital e vendia sapatos nas horas vagas para completar a renda, quando surgiu a oportunidade para viajar para fora.

Suely não pensou duas vezes para abraçar com as duas mãos essa oportunidade. Mesmo sem saber falar direito o inglês ela não teve medo de embarcar num avião para ficar hospedada, durante um ano, em casas de famílias que nunca tinha visto antes. Lá ela conheceu o marido, um médico brasileiro que fazia especialização em cirurgias, e muito atenta às inovações visualizou que poderia montar aqui uma empresa para locação de camas hospitalares e cadeiras de rodas. Hoje a empresa dela é uma das líderes nacional nesse segmento, atendendo diversos estados brasileiros.

Outro que assegura que o intercâmbio mudou totalmente sua vida é Mário César Martins Camargo, que assume em julho do ano que vem a presidência internacional do Rotary. Quando jovem surgiu oportunidade para Mário César morar, por dois anos, nos Estados Unidos. Era um intercâmbio do Rotary para jovens. Voltou afiado no inglês e no mesmo ano embarcou em outro intercâmbio para a Alemanha, mesmo sem saber falar alemão. A experiência nesses países proporcionou experiências incríveis e, lógico, muitos conhecimentos e oportunidades. Com isso dirigiu uma das maiores gráficas do Brasil, presidiu a Abigraf  (Associação Brasileira da Industria Gráfica) e foi diretor da FIESP (Federação das Industrias do Estado de São Paulo).

 Finlândia é onde o inverno é rigoroso 

Temperaturas no inverno oscilam entre 15 a 30 graus negativos. A água dos lagos fica completamente congelada e propicia espaço para a prática do hóquei sobre gelo, esporte preferido dos filandenses 

A Finlândia é uma nação do norte da Europa e que faz fronteira com a Suécia, a Noruega, a Estônia e a Rússia. Fica na região da Península da Escandinávia e é o oitavo pais da Europa em extensão e o 26º em população. Em comparação com o Brasil é 25 vezes menor em extensão e 85 vezes menor em termos de população. Cerca de 5,3 milhões de pessoas vivem na Finlândia, estando a maior parte concentrada no sul do país. É o país menos densamente povoado da União Europeia. Mas de 75% do seu território é ocupado por gelo ou densas florestas.

 A língua oficial é o finlandês, mas parte da população também fala o sueco. Isto porque até 1809 foi colônia da Suécia. Depois foi invadida pela Rússia e ficou subordinada a esse país até conseguir sua independência em 1917, após guerras contra os russos e a Alemanha nazista.

 Em 1955 a Finlândia aderiu à ONU (Organização das Nações Unidas) e, em 1995, à União Europeia. O país foi considerado, depois da Dinamarca, em uma pesquisa baseada em indicadores econômicos sociais e políticos, como o segundo mais “estável” do mundo. É considerado como o país mais feliz do mundo para se viver.

 Os números são impressionantes. O salário médio do pessoal que trabalha nas indústrias é de 3.314 euros, equivalente a R$ 18,8 mil mensais. A Finlândia é um país desenvolvido, muito bem colocado nas mais diversas comparações internacionais. Seus moradores usufruem de altíssimos níveis de desenvolvimento em educação, transparência política, segurança pública, expectativa de vida, bem-estar social, liberdade econômica e de imprensa, acesso à saúde, ao transporte e ao lazer. As cidades do país, começando por Helsinque, a mais populosa com 568 mil habitantes, estão entre as mais limpas, seguras e organizadas do mundo. Desde 2009 o país ocupa a primeira posição do Índice de Prosperidade, uma pesquisa realizada por um instituto internacional com base no desempenho econômico e na qualidade de vida da população.

 Mas nem sempre foram tempos de paz e de flores para o país. No passado, entre 1866 e 1868, a fome matou cerca de 15% da população. Foi uma das piores crises de fome da história europeia. Por ter sido dominado por outros países, a Finlândia teve um atraso no seu processo de industrialização, permanecendo com estritamente agrário até os anos de 1950. Posteriormente o desenvolvimento foi rápido e o país atingiu um dos melhores níveis de renda e qualidade de vida já no começo dos anos de 1970. Em 30 de março de 2023, o país aderiu à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O sistema econômico finlandês mantém, entretanto, um papel do Estado preponderante, servindo de financiador e de empresas privadas ou ele próprio produzindo, através de empresas públicas muito eficazes. A população impediu privatizações e a desregulamentação econômica propostas pela União Europeia.

Levantamento feito por um instituto de pesquisas mostrou que 76% dos filandenses são luteranos. O inverno na Finlândia é extremamente rigoroso. As temperaturas podem chegar entre 15 a 30 graus abaixo de zero. No ponto mais setentrional da Finlândia, o Sol não se põe durante 73 dias no verão e não nasce durante 51 dias no inverno. Os lagos e alguns rios chegam a congelar. Com tanto gelo o esporte mais popular do país é o hóquei no gelo. A seleção nacional tem uma vasta coleção de medalhas de ouro nas olímpiadas.

A distância que separa o extremo sul do país, Hanko, ao extremo norte, Nuorgan, é de 1.445 quilômetros, o que daria cerca de 18 horas de carro. Finlândia é terra natal do famoso compositor de músicas eruditas conhecido como Jean Sibelius. O nome Finlândia, que para nós brasileiros significaria “cidade do fim”, tem origem incerta. Uma das teorias é que o nome significa “Terra” nos idiomas dos países bálticos. A expressão “Finnr”, palavra alemã que descrever um viajante e supostamente nômade, ou seja, alguém sem residência fixa.

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