CL Nelson Gonçalves
Fundado em Chicago (Estados Unidos), no dia 10 de outubro de 1917, por Melvin Jones, um corretor de seguros nascido no Arizona, o Lions Internacional se tornou o maior clube de serviços do mundo. Com cerca de 1,4 milhão de associados, o Lions supera em quantidade de integrantes o Rotary, fundado, também em Chicago, 12 anos antes e possui atualmente 1,2 milhão de sócios.
Em 1920, o Lions fundava em Windsor, no Canadá, o seu primeiro clube fora dos Estados Unidos. Cinco anos depois abraçaria a luta da ativista Helen Keller em prol da visão. Em 1926 chegava na China com a fundação do primeiro clube de Lions na cidade de Tiensin. No ano seguinte eram fundados clubes no México e em Cuba e, ao todo, já somava mais de 60 mil associados espalhados por 1.183 clubes.
Em 1935 foram fundados clubes no Panamá e Costa Rica. No ano seguinte na Colômbia e Porto Rico. Guatemala em 1941, Peru em 1944, Austrália em 1947 e Chile em 1948. No mesmo ano também chegava na Europa, instalando clubes na Suécia, Suíça e na França.
O Lions chegava em países de língua árabe no começo de 1952. Nesse mesmo ano, no dia 16 de abril, era fundado no Rio de Janeiro por Armando Fajardo o primeiro clube brasileiro de Lions. Poucas semanas antes, Fajardo estava em solo argentino participando de uma corrida de cavalos quando recebeu um telegrama para se encontrar com o cubano Nivaldo Navarro Jorge no aeroporto de Montevidéu, Uruguai, na escala que faria de volta para o Brasil.
Era 3h30 da madrugada de um dia com muita chuva quando Fajardo desembarcou em Montevidéu. No saguão de embarque já lhe aguardava Nivaldo Navarro, considerado com um mito do leonismo latino-americano. Nas três horas e meia de espera para embarcar em outro avião, Fajardo recebeu todas as instruções e orientações necessárias para se fundar um clube do Lions no Brasil. Assim, agiu rapidamente, convidando líderes de diversos segmentos da comunidade carioca e fundou o primeiro clube brasileiro em 16 de abril de 1952 com 40 associados. Em um ano a quantidade de sócios saltava para 80 integrantes. Em julho era fundado o Lions na capital paulista.
Lions Centro de São José do Rio Preto
Em 1953 eram fundados os clubes de Salvador (BA), Curitiba (PR), Santos (SP), Florianópolis (SC) e São José do Rio Preto (SP). Na fundação de todos esses clubes tiveram a participação de Nivaldo Navarro. No caso de São José do Rio Preto a fundação do clube se deve ao advogado e engenheiro Roberto Azurem Furtado.
Nascido no Rio de Janeiro, cujo pai José e o tio Edmundo foram presidentes do Flamengo e responsáveis pela implantação do futebol naquele clube de regatas e canoagem, adotando as cores vermelho e preto do time,
Roberto Azurem Furtado trabalhava na Coca-Cola no Rio de Janeiro. Ele veio para São José do Rio Preto para montar uma unidade fabril da empresa.
Muito provavelmente, Furtado teria sido um dos convidados do colega advogado Armando Fajardo para fazer parte do Lions. E resolveu trazer a ideia do clube para São José do Rio Preto, sendo o primeiro do interior paulista.
Acontecia o feriado de 7 de setembro de 1953 quando Furtado convocou figuras importantes da comunidade para reunião a noite no salão do tradicional Clube dos Médicos com Nivaldo Navarro. “Invocando a Deus, pela grandeza da pátria e pela paz entre os homens, declaro aberta esta assembleai de fundação do Lions Clube de São José do Rio Preto”. Essas palavras foram proferidas, com voz firme, em perfeito português, pelo cubano Nivaldo Navarro, representante do Lions Internacional e responsável pela fundação da instituição em países como Peru, Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai, após tocar, pela primeira vez, o sino da entidade em solo rio-pretense.
Além de Furtado, estavam presentes o vice-prefeito Aldo Tonelli, o presidente da Câmara Francisco Gutierres, o vereador Alberto Andaló que em 1955 seria eleito prefeito. Tácio de Barros Serra Dória (fundador da Maternidade Nossa Senhora das Graças em 1949), o venerável da Loja Cosmos, Arthur Nonato, e dois ex-veneráveis Vicente Felizola (fundador do Hospital Bezerra de Menezes) e Alberto Nafath (Liga Rio-pretense de Combate à Tuberculose). Alias 18, dos 23 fundadores, eram maçons pertencentes à loja Cosmos.
A Carta Constitutiva foi expedida em 26 de outubro de 1953. Chegou escrita em espanhol porque o Distrito mais próximo naquela época era o de Montevidéu, no Uruguai. Consta como padrinho do clube o nome de Paulo pereira Ignácio, do Lions Clube de Montevidéu.
De lá para cá o clube cresceu e floresceu. Em 1960 se filia ao clube Eládio Arroyo Martins, a convite do seu irmão José Arroyo Martins, o segundo presidente do clube. Eládio, que assumiu como presidente em 1963, impulsionou as atividades do Lions.
Junto com o padre Angelo Dell‘Oro (2017, Eládio fundou, pelo Lions, uma das mais importantes organizações sociais da região Noroeste: o Instituto Comboniano São Judas Tadeu, que já atendeu mais de 20 mil jovens. Além do São Judas, o Lions esteve presente na fundação do Instituto dos Cegos, entidade que ajudou a administrar por mais de 20 anos, no Instituto Alarme, na Apae e tantas outras instituições filantrópicas.
Eládio foi, em 1967, o primeiro governador do Distrito. E conseguiu um feito, até hoje não superado por nenhum outro governador de Distrito em nenhum país. Em um ano ele conseguiu fundar 25 clubes de Lions. Pouco antes de falecer, ele contou em vídeo gravado pelo jornalista Nelson Gonçalves, que viajava com seu antigo Fusca, todos os dias, para as mais longínquas cidades para fundar clubes, enumerando um por um dos clubes fundado por ele.
Após vários anos e 45 pessoas terem assumidos a presidência do clube em 2016, após fases de penúria e ameaças de fechamento, o clube foi assumido, durante a gestão do governador Mário Bassan, por integrantes da loja maçônica “Aprendizes do III Milênio”. Uma nova fase se iniciou, O Médio Paulo Togni assumiu a presidência, sendo sucedido por Milton de Carvalho, Antônio Maria de Jesus, Antônio Carlos Carvalho, Nelson Gonçalves, Mauro César Marques, Paulo César Marques, Tiago César Donini e Leandro Antônio Graton.
Nessa nova fase de atividades o clube não ficou um mês sequer sem atividades. Mesmo no período da pandemia o clube não parou. Correu atrás e conseguiu a fabricação de 20 mil litros de álcool em gel, que foram distribuídos para todos os hospitais de São José do Rio Preto e inclusive para alguns postos de saúde e santas casas de algumas cidades vizinhas.

